quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
O que você está pensando?
Sabe o que estou pensando, querido blog? Que simplesmente não é possivel ser feliz tendo o presidente que temos. Sabendo que nos dias de hoje ainda temos que explicar o óbvio e que tenha tanta gente mergulhada em tanto ódio que não consiga enxergar um palmo a sua frente, muito menos ao seu lado. Não é possível acreditar que em pleno ano 2020 quando pensamos que dominariamos a tecnologia, que encontraríamos a cura para tantas doenças que quase poderiamos ser susbstituidos pelos robos há tanta gente na miséria, a beira de uma sociedade machista, egoista e preconceituosa. Sinto tanto pesar que é dificil respirar nesse ar tóxico que se transformou nossa sociedade. É quase impossivel dar um passo para frente e não pensar que estamos só retrocedendo. Me falta chão, o ar e as palavras para descrever tanta tristeza e sofrimento, tanta alienação. Chego a pensar que não estou preparada para este enfrentamento, que isso exigirá demais de mim, mais do que posso aguentar...
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
O mar calmo finalmente me alcançou, mas há tanto desalinho nessa calmaria que chego a pensar que não é amor, que não há carinho. Mas são tantas as conexões que nos ligam, tanto sentimentos vividos da mesma forma que acredito mesmo que o universo nos uniu para dar um acalanto, um carinho dizendo: "olha aqui, você não está sozinha, há muito o que se viver e viver com amor". Um amor calmo e sereno, dedicado, gentil, daqueles que faz de tudo para estar com você independente de todos os conflitos e impecilhos que o caminho possa trazer. E embora ainda seja estranho que em meio de tanto caos eu possa ter encontrado a minha paz quero somente aproveita-la o máximo que puder. E para isso tenho tentado me manter atenta e aceitar que posso sim ser merecedora de tanto. E como tudo na vida esperamos que seja eterno enquanto dure...
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Os dias andam mais solitários,o trabalho voltou presencial e a dor da solidão ficou mais nitida, mais pesada, mais dolorida. Passo o dia escutando as dores alheias e quando chego em casa só o gato me aguarda, com seus miados altos chamando atenção para um carinho. Após o banho ligo a TV, mas não vejo mais noticias, meu estômago se tornou sensivel e o enjoou logo vem quando ouço os absurdos disparados pelos politicos, pelas pessoas sem conhecimento e cegas por vinganças. Não há mais diálogo possível, cada um vomita suas verdades e laços são desfeitos. Cansei de ser tolerante com a intolerância. Os amigos antes tão perto se perderam na exaustão do isolamento, cada um sofre em sua individualidade, já não há mais chamadas de video, não há comemorações virtuais, não há mensagens otimistas. O tempo continua passando rápido e a falta de perspectivas do fim dessa pandemia nos traz mais angustias e dilacera a esperança de um novo normal que pudesse trazer mais consciência, mais dignidade, mais justiça social. No fim, continuamos os mesmos egoístas, preocupados apenas com nossa próprio prazer, sem nenhuma noção do coletivo. Sigo tentando encontrar um sentido maior para tudo isso e tentando entender o que não tem entendimento. E os abraços continuam proibidos, os encontros de lazer não chegam e seguimos sendo engrenagem de máquinas num sistema desumano.
terça-feira, 28 de julho de 2020
A mulher que eu fui, a mulher que eu sou
Nesse tempo de quarentena tem sobrado tempo para pensar na vida, no passado, no que conquistei e no que ainda almejo. Na verdade, desde o inicio desse ano tenho sido desafiada a buscar um novo sentido para as coisas, ressignificar a minha existência. Desde o dia 10 de janeiro tenho vivido uma turbulência de sentimentos que só amplificaram com a pandemia. Tudo se tornou tão intenso que mal consigo me expressar em palavras. Aliás, o que mais me faltou esse ano foram palavras que pudessem dizer 10% do que eu estava sentindo. Tudo aconteceu tão rápido, tão inesperado, que as vezes acordo achando que estava em um pesadelo. Mas não, é só abrir os olhos, ligar a televisão para saber que tudo o que estamos vivendo por mais surreal que pareça é real. Eu diria que esse ano foi perdido em muitos sentidos, no trabalho, no amor, na amizade, mas olhando bem posso ver que sem querer se tornou um ano sabático para mim. Em que deixei tudo de lado e tive que olhar para dentro, tão dentro que parecia que não sobreviveria ao meu próprio olhar, foram momentos de afundar em mim, olhar para tudo o que eu havia passado até o momento, todas as injustiças que senti me queimarem como ser humano. Tenho achado até que tudo isso me tornou um pouco dura, parei de tentar manter conexões que já haviam se perdido, sem razão qualquer, só porque escolhas foram feitas e caminhos distintos foram tomados. Parei de querer todo mundo na minha vida pelo resto da minha existência. Isso não tem como acontecer, não há como manter toda minha história presente na minha vida, a não ser através de lembranças e que boas lembranças eu tenho, que gratidão sinto pela minha existência, pela minha história. Eu olho e ainda acho milhões de coisas que precisam melhorar, inseguranças a serem resolvidas, carência que não devem mais ter o seu lugar, mas que mulher me tornei. Alguém que teve que desconstruir todas as limitações impostas para conquistar a almejada liberdade, liberdade de experimentar caminhos, de bater a cabeça, de chorar por decisões precipitadas, mas que pode caminhar com os próprios pés. Ainda há muitos que me consideram ingênua, eu mesma vivo me achando boba por acreditar tanto nas pessoas e fico inconformada quando as pessoas não agem de forma ética e honesta comigo, mas quem sou eu para julgar? Só porque luto para fazer a coisa certa, tentar ser uma pessoa melhor não significa que todos buscam o mesmo caminho. E esse ano me fez enxergar como pessoas que eu muito amei se tornaram tão distantes de mim, do que acredito e do que busco ser, não consigo entender ainda em que momento essa divisão se tornou possível, só sei que ela aconteceu e me trouxe muitas dores. Estou tendo que deixar muita gente que ainda amo para trás, o que ainda é muito difícil para mim, porque tenho a tendência de arrastar as pessoas comigo, para onde eu for, mesmo que elas não queiram. Mas o momento mostra que cada um tem o seu tempo de busca, de conhecimento e que não podemos carregar as pessoas com a gente. Deixa-las para trás não é deixar de amá-las, pelo contrário, é aprender a ama-las como realmente são, respeitando seu tempos e seu crescimento. Não tenho sido tempos fáceis, mas posso dizer que quando olho para trás e para o presente tenho mais o que agradecer do que reclamar. Afinal tenho seguido um caminho tortuoso para alcançar o que eu ainda nem sei bem o quê...
quinta-feira, 28 de maio de 2020
Às vezes são tantas coisas para dizer, mas ao mesmo tempo são tantas coisas surreais que estão acontecendo que minha cabeça gira em uma velocidade que nem eu mesma consigo acompanhar. Os dias vão passando e eu tenho tentando segurar essa barra, sempre consciente dos meus privilégios, sabendo que tem gente numa situação 100 vezes pior, mas que ainda consegue olhar para tudo e abrir um sorriso. Eu não abro mais sorrisos, só consigo derramar lágrimas para tudo, cada morte, cada texto, cada suspiro de desespero e de falta de esperança, cada derramamento de sangue. Eu sempre fui muito positiva, sempre tive algo a dizer para alguém que estivesse triste, mas hoje simplesmente não consigo me convencer de que as coisas ficarão melhor, de que a humanidade dará certo. Não sei o que aconteceu, se foram as decepções decorrentes da vivência, dos pontas pés, das traições vividas, da falta de cuidado, de ver tanto descaso com tanta gente...sei lá...não dá pra saber quando tudo parou de valer a pena, só sei que tem sido dias difíceis de seguir, levantar pela manhã sabendo que tudo estará do mesmo jeito ou pior. Que as pessoas ainda estão cegas por ídolos que desfazem delas em rede nacional e elas aplaudem. Não dá mais pra ver sonhos serem destruídos e a gente simplesmente se calar. Tô cansada de ver dores serem motivos de piada para alguns, eu simplesmente não suporto mais ver, sentir dor e não saber o que fazer. Porque nunca senti que por mais que eu fizesse estava fazendo o suficiente, nunca será e eu não tenho a minima ideia do que fazer. Só penso, milhões de vezes, que nem queria estar aqui, que preferia ser feita do nada. A dor e a tristeza são tanta que mesmo já ter tido insuperáveis momentos felizes eles parecem não serem suficientes para aguentar qualquer dor, mesmo a mais simples. E é tão frustrante me sentir assim, ao mesmo tempo que vejo tantas pessoas se movimentando, tentando fazer algo e eu aqui paralisada no tempo, esperando sabe lá Deus o quê. Eu tenho relutado, mas vou voltar a rezar para que Deus me leve daqui, do outro lado as possibilidades são maiores...
sábado, 2 de maio de 2020
Bodas de estanho
Mergulhada nas lembranças me dei conta de que muitas delas vinham do ano de 2010, um ano de muitos acontecimentos fortes e marcantes, por isso resolvi celebra-las, mesmo que nem todas tenham sido boas, todas elas me transformaram e me fizeram que eu sou:
* Há dez anos tive minha primneira grande perda, Tia Vera faleceu de câncer bem no inicio do ano;
* Há dez anos, no dia seguinte do velório da Tia Vera deixei Londrina, a cidade que mais amei morar;
*Há dez anos entrei no face, a rede social revolucionária da época;
* Há dez anos umas das minhas melhores amigas se casou;
* Há dez anos para chegar ao casamento da minha amiga andei de avião pela primeira vez;
* Há dez anos comecei esse blog, do qual só 3 pessoas no mundo tem conhecimento (as quais já nem devem lembrar mais);
* Há dez anos foi a última vez que apresentei um namorado para a família;
* Há dez anos mudei para o interior do Ceará;
* Há dez anos defendi minha dissertação de mestrado e o mais importante
* Há dez anos ganhei o primeiro melhor presente da vida: minha sobrinha Sofia, o segundo melhor presente viria dois anos depois!
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Em tempos de quarentena
Em tempos de quarentena é tempo de rever a vida, ver o que realizamos durante a caminhada, relembrar os bons momentos e até nos desculpar pelas besteiras feitas. Eu adoro mexer em velhos emails, abrir a caixa de fotos e ver a vida linda que construí. Claro que não são tudo flores, mas temos a graça de nossa memória acabar lembrando mais das coisas boas do que as coisas ruins. Mas o que eu mais me impressiono em toda a minha caminhada é que ela sempre se fez junto a pessoas incríveis ao meu lado. Embora em muitos momentos me senti sozinha ( quem nunca se sentiu assim?), não foi por não ter as melhores pessoas comigo. Desde a minha infância em São Paulo que veio a ser transferida para São Carlos, minhas amizades me marcaram em todos os instantes, algumas delas permanecem presentes na minha vida. Mas não tem como negar que as lembranças mais fortes e saudosas são da época que vivi em Londrina. Foi a fase mais intensa, revolucionária, libertária que eu vivi. Aquela menina tímida do interior, insegura, que não sabia fazer quase nada iria se transformar. Nunca mais eu seria a mesma e aquela abertura permitiu construir a mulher que sou hoje. A primeira lembrança que me recordo dos tempos de Londrina é de chegar de uma festa às seis horas da manhã sem medo algum de levar bronca, de ficar tensa porque teria alguém esperando na sala, foi um sentimento tão bom de emancipação que não teve mais volta, não foi mais possível retornar para a casa dos pais sem notar a mudança que tinha ocorrido ali, em coisas tão insignificativas, mas tão profundas.E foram tantas vivencias, tantas descobertas, tantas decepções também, mas sempre regada aos melhores amigos que alguém pode ter. Por isso, em tempos de quarentena tirar as boas lembranças do baú é um jeito de sobreviver para aguardar a nova vida que está se erguendo.
Retalhos de uma vida contada por email
Olá Louro, tdo bem?
Fiquei devendo um email de qualidade.....então vamos lá.
Cheguei do carnaval terça a noite, mas estava sem pc em casa que o meu deu tilt, por isso só estou escrevendo hj. Fui para o sitio de uma amiga mto querida que morou comigo em Londrina, os pais dela são aqui do interior de uma cidade chamada Macatuba e eles têm um sitio fantástico. Passamos os 4 dias lá com mto sol, piscina, churrasco e claro cervejinhas pq ninguém é de ferro.
Estou mto contente com a volta da nossa relação, vc é e sempre foi mto especial pra mim e nunca fiquei mto satisfeita com o silêncio dos anos que se seguiram. Confesso que fiquei um tanto triste e até um pouco decepcionada com a história que vc me contou da sua ex mas prefiro me focar no presente, acredito que foi realmente tempos dificéis pra vc.
Minha vida, desde que paramos de nos falar, teve seus altos e baixos. O término da faculdade para mim foram tempos bem complicados, eu ainda não aceitava o término de um namoro e voltar pra casa depois de anos foi a morte para mim, fora que fiquei por um tempo perdida sem saber por onde começar a minha carreira, eu ainda também me sentia mto insegura profissionalmente, a faculdade foi mesmo só uma base para o começo, pq só a experiência pratica é que nos ensina realmente a sermos profissionais. Passei 6 meses em São Carlos só me lamentando e prestando diversos concursos, eu não ia mal mas quando tinha a contagem de titulos e experiência eu ficava pra trás, foi aí que resolvi prestar o mestrado, fora que eu queria uma desculpa pra voltar pra Londrina, e consegui. Porém a volta não foi como eu esperava, as coisas já estavam bem diferentes, óbvio, só eu não queria enxergar. Bem, foi um recomeço dificil tb pq eu não tinha bolsa e precisava trabalhar só que tb não conseguia emprego na área fui trabalhar numa locadora a noite. O mestrado exigia mto e com o trabalho eu não tinha pique pra estudar, mas felizmente sempre contei com amigos incrivéis que sempre me ajudaram, os professores achavam que eu não ia conseguir...hahahaha pra eles! Depois da locadora consegui um trabalho num Hospital Psiquiátrico o meu primeiro como psicóloga, eu não ganhava bem, mas era o que eu precisava pra perder minha insegurança. Foram ainda tempos dificéis pq o trabalho era foda (perdão da palavra) aquilo era um depósito de gente e eu me envolvia demais, era uma energia mto pesada enfim....fora isso minha vida pessoal era uma catástrofe eu não conseguia me envolver emocionalmente com ninguém ainda sofria pelo ex, afff horrível....ao mesmo tempo dessa catástrofe emocional eu fiquei mto amiga da mãe de uns amigos meu e ela tinha câncer, passei o ano de 2009 acompanhando ela nas quimio e a ajudando em casa. No começo de 2010 ela faleceu e visto a confusão em que eu vivia acabei decidindo voltar (no dia seguinte do velório) pra São Carlos e me afastar de tudo que não me fazia bem. Aqui arrumei um emprego numa empresa de terceirização e terminava de escrever minha dissertação de mestrado, em julho com um contato de uma amiga em Fortaleza decidi ir para o Ceará trabalhar no interior. Que experiência meu amigo, foi aí que as coisas começaram a entrar no eixo, quando eu fui pra lá fazia um mês que eu tinha começado a namorar o Max ( e dois dias que minha sobrinha linda tinha nascido), um cara de Sampa (por isso estou sempre lá tb) que eu tinha conhecido dois anos atrás no casamento da Ana . Parenteses para falar do Max - o Max é o cara mais bacana que eu já conheci, ele é dois anos mais novo, mas super maduro, gentil, educado e super companheiro (com um mês de namoro ele foi pro Ceará comigo, ficou 15 dias lá só pra eu não me sentir tão perdida). Foi meu porto seguro enquanto eu estive lá no Ceará! Apesar da experiência ter sido fantástica não é fácil morar no interior do Ceará justamente pq estamos falando do Nordeste uma região do Brasil que é linda mas tb tem mtos problemas sociais. A cidade que eu morei chama Tamboril e é mega pequena, a maioria das pessoas de lá sobrevivem de bolsa família ou da roça, a cultura é extremamente machista e é a lei da selva (a galera lá se matava por pouco), fora que a maioria era tudo de Fortaleza, passei vários finais de semana sozinha no meio do nada. Nove meses depois decidi que não queria mais (eu estava quase entrando em depressão) tinha mtas facilidades lá, tipo eu entrava as 8 saia as 11 voltava as 14 e saia as 16, mas chegava em casa e não tinha nada pra fazer....fora que a gente vai ficando preguiçosa mesmo!!! rs.....Bom, daí maio de 2011 volta a Priscila pra São carlos recomeçar do 0....voltei perdida de novo, mas prestando concursos foi ai que passei no processo seletivo aqui de Descalvado (cidade a 42 km de Sanca ) e aqui estou eu, gostando do trabalho, mais segura mais firme. Acabei de comprar um carro 0 vou pagar eternamente, mas estou feliz pq estou perto das pessoas que eu amo (não de todas) e conquistando devagar minhas coisas. O próximo passo é sair da casa dos papais (embora o conforto seja grande), mas vamos com calma pq tudo tem sua hora, não é não?
Nossa acho que falei demais, tá quase acabando minha hora do almoço e eu ainda nem almocei......
Louro semana passada mandei msg no seu celular, vc recebeu? Aliás qual operadora é a sua, a minha é tim se a sua tb for a gente pode falar de montão!
Mando em anexo foto da minha linda e amada sobrinha (tdo mundo acha que ela é minha filha, tb tanta beleza ...hehehe)
email de 23/02/2012 - enviado a um amigo que foi um amor platônico na época do vestibular
Eu sinto muito
Eu sinto muito que você não tenha encontrado alguém que te ame suficientemente para ficar apesar de todos os seus defeitos, de todas as suas sombras. Mas mais do que isso eu sinto muito por você não se amar em absoluto, por você mesma não aceitar suas sombras e se deliciar com os seus defeitos. Sinto muito que você não se ache satisfatoriamente inteligente, que você não consiga enxergar e celebrar todas as suas conquistas. Sinto muito que as suas dores e a falta de consideração, lealdade dos outros tenha te afetado tanto para que você ache que o melhor é desistir, que nada disso vale a pena. Sinto muito que você não se sinta cuidada, valorizada, que você sinta que existir ou não, não faça a menor diferença. Eu sinto muito que você se critique tanto a ponto de não dormir, de ficar remoendo cada passo, cada erro, tudo o que não aconteceu, por se lamentar em enxurradas de lágrimas sem fim. Eu sinto muito que os seus olhos ainda estejam vendados, que você não veja a beleza dos aprendizados, da caminhada e das suas qualidades que tantos gostariam de ter. Eu sinto muito que sua beleza física também seja mais um fardo do que uma benção e que isso faz você acreditar mais ainda que não é amada pelo que é, mas sim pelo que aparenta ser. Sinto muito, sinto muito mesmo, mesmo muito.
quarta-feira, 29 de abril de 2020
2020 o ano que não deveria existir
Nem estamos no final do ano para ser necessário fazer o balanço deste ano tão estranho. Talvez prevendo o que viria Deus me proporcionou um final de 2019 bem tranquilo. Apesar de muitas coisas não terem ocorrido de acordo com o meu desejo, foi possível passar o Natal e Ano Novo em tremenda paz, junto a minha família e a um casal de amigos que eu muito amo. Não houve pressa de ir embora, não houve aborrecimentos que me perturbassem como normalmente ocorre. Eu realmente estava em paz, crente de que 2020 não seria melhor, mas que eu seria melhor para o ano de 2020. Mas eis que foi um belo engano, logo em seus dez primeiros dias recebi uma amostra do que este ano seria e do quanto eu não estava preparada para as dores que necessitaria enfrentar. Fui arrancada do meu posto de trabalho, depois de sete anos de dedicação intensa, de profunda entrega, de vencer diversos desafios, de ter passado por um surto que me deixou marcas irreversíveis. Fui despejada do lugar que ajudei a construir. E se não bastasse ter sido extirpada sem nenhuma justificativa vim a descobrir que este teria sido um pedido de pessoas que eu confiava, que eu gostava, que juntos tinham vivido grande parte dos desafios comigo. Foi um momento revelador em que questionei toda minha trajetória, tudo o que eu acreditava ter conquistado com ajuda daquelas pessoas. Será que tudo o que tinha vivido era uma farsa? Que todas as vitorias alcançadas teriam sido obra da minha imaginação? E o que eu tinha feito para merecer tanta deslealdade? Confesso que nem todas ainda estão respondidas em minha cabeça, não houve muito tempo para que eu pudesse elaborar tais questões e me preparar para o meu novo trabalho, logo o mundo todo foi abatido por uma pandemia que nos obrigaria a ficarmos isolados em casa, sem contatos sociais e como muitas incertezas. Há 45 dias estou trancafiada, longe dos amigos e da família, os poucos planos que eu tinha conseguido refazer depois do primeiro golpe vivido foram adiados e tem sobrado tempo para pensar na vida, remoer dores e tentar buscar novos caminhos. Mas o fato é que o momento é de tantas incertezas que nem sei se é possível pensar em outros caminhos. Não tenho me sentido nem um pouco criativa ou esperançosa, além de toda essa situação dramática de saúde vivemos uma conjuntura politica complicadíssima que me faz querer nunca ter nascido no Brasil, o pais que eu tanto amo. São tantas reflexões que este momento tem me permitido fazer, tantas historias ele tem permitido eu revisitar, mas que não necessariamente tem me levado a um lugar seguro. As emoções estão todas emaranhadas que às vezes é até difícil respirar. O mergulho para dentro de mim está tão profundo que há receio de que eu me afogue neste mar tão infinito. Ainda faltam um pouco mais de 7 meses para acabar o ano, mas eu não preciso que ele termine para saber que este foi o ano mais estranho, aterrorizador e dolorido de todos que vivi. Mas também não preciso que ele acabe para saber que depois dele nada mais será igual, que haverão ocorrido tantas transformações que nem será possível dimensionar quem eramos antes...
quinta-feira, 16 de abril de 2020
Gratidão
Gratidão, sim! Porque em meio a essa pandemia louca essa é a palavra que deveria ressoar em todos os corações. E aqui vai a minha lista de coisas pelas quais são gratas, não necessariamente nessa ordem:
FAMÍLIA: que me possibilitou estudar e me estruturar enquanto pessoa;
AMIGOS: são essenciais para minha sobrevivência e responsáveis pela minha saúde mental;
TRABALHO: é ele que me possibilita todos os bens materiais dos quais necessito e me faz crescer diante dos desafios que me aponta e me faz ultrapassar (ou não rs);
MINHA CASA:linda que me acolhe, que é a materialização de uma grande conquista, que recebe quem eu amo e que me possibilita alguma dignidade;
MEU GATO: me tira do meu vazio, da minha solidão enraizada, me traz afeto e me faz amar muito;
ESPIRITUALIDADE: me dá sentido, suporte, não me deixa desistir e sempre me dá a certeza de que somos todos irmãos - somos UM;
SAÚDE: minha saúde incrivel que me permite viver e aproveitar o mundo;
NATUREZA: me traz beleza, conexão, para mim a certeza de que existe perfeição e essa perfeição é Deus;
TEMPO: às vezes tão implacável, mas tão generoso e sábio, permitindo amadurecimento, aprendizagem e algumas vezes, com sorte, o esquecimento.
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