quinta-feira, 8 de julho de 2021

Cura

Sim, a cura às vezes demora mais do que gostariamos. Principalmente quando aquilo que nos machucou não foi apenas um simples golpe, mas sim vários golpes disparados em instantes, segundos, minutos ou anos. O tempo e a velocidade do quanto nós conseguimos nos reerguer diante das diversidades da vida depende da profundidade das coisas que nos machucaram. Depende ainda do quanto nós já apanhamos e aguentamos na vida, e o quanto estamos munidos de quem nos ama para nos segurar a cada golpe. Ano passado foi um desses anos que vieram tantos golpes seguidos, rápidos e vindos de tantos lugares distintos que não foi possível conseguir me reerguer ou me apoiar nas redes de proteção que costumam estar por perto. A queda foi tão grande e dolorida que permaneci em estado de coma desde janeiro do ano passado. Mas aos poucos, como em todo processo, fui percebendo do que eu precisava, do que eu era capaz de fazer, finalmente relembrando de quem eu era. Pela primeira vez, em muitos anos me permiti sentir intensamente cada dor, lamentar por ter ficado tão presa a ela e agradecer pelo aprendizado. Consegui até rir de mim mesma por ser tão teimosa e tão apegada a quem eu amo. Nunca a frase "te amo em liberdade" fez tanto sentido. E assim, enquanto a cura deste ciclo se fecha, novamente me sinto pertencendo, produzindo e criando. E que felicidade isso me trás.

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