segunda-feira, 22 de novembro de 2021

TAB

Após passar pela minha segunda crise comecei a me questionar quem eu era. Se o transtorno já vinha há tempos, só havia passado despercebido por minha familia, meus amigos, por mim mesma. A sensação de desconhecimento de si é simplesmente terrivel, a gente se pegunta se toda nossa vida foi mentira, se tudo o que fizemos foi resposta de nossos impulsos se o transtorno sempre teve voz mais alta e se teve qual a minha voz nisso tudo? E por que justo agora na vida adulta ele ficou tão aparente a ponto de me deixar completamente sem rumo. Por outro lado as conexões de que esse momento de crise permite é fascinate, parece que tudo fica mais claro, todas os nossos conflitos, nossos medos ficam desvelados, nus prontos para serem analisados. E mais, fico pensando em todos meus antepassados e as pessoas que sem conhecimento foram designadas loucas, o tanto que isso trouxe de sofrimento, porquem mesmo hoje que sabemos nomear essas crises nem por isso elas deixam de ser dolorosas e nos causarem estranhesa. E é aí que me lembro da frase "nada do que é humano me é estranho" será mesmo? Ainda luto para poder entender quem fui, quem sou e quem quero ser.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Cura

Sim, a cura às vezes demora mais do que gostariamos. Principalmente quando aquilo que nos machucou não foi apenas um simples golpe, mas sim vários golpes disparados em instantes, segundos, minutos ou anos. O tempo e a velocidade do quanto nós conseguimos nos reerguer diante das diversidades da vida depende da profundidade das coisas que nos machucaram. Depende ainda do quanto nós já apanhamos e aguentamos na vida, e o quanto estamos munidos de quem nos ama para nos segurar a cada golpe. Ano passado foi um desses anos que vieram tantos golpes seguidos, rápidos e vindos de tantos lugares distintos que não foi possível conseguir me reerguer ou me apoiar nas redes de proteção que costumam estar por perto. A queda foi tão grande e dolorida que permaneci em estado de coma desde janeiro do ano passado. Mas aos poucos, como em todo processo, fui percebendo do que eu precisava, do que eu era capaz de fazer, finalmente relembrando de quem eu era. Pela primeira vez, em muitos anos me permiti sentir intensamente cada dor, lamentar por ter ficado tão presa a ela e agradecer pelo aprendizado. Consegui até rir de mim mesma por ser tão teimosa e tão apegada a quem eu amo. Nunca a frase "te amo em liberdade" fez tanto sentido. E assim, enquanto a cura deste ciclo se fecha, novamente me sinto pertencendo, produzindo e criando. E que felicidade isso me trás.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Será que é justo, no meio de tanta gente lutando para sobreviver, a gente se render ao desespero e desejar que estivessemos entre os mortos? Fantasiar que pudessemos estar entre as estatisticas, mas que também poderiamos estar longe desse caos que se criou? Quem sabe estar em companhia de quem já nos deixou, num lugar cheio de árvores, um lago, flores, olhando para tudo isso como um passado longiguo. Será que é muito egoismo desejar não viver mais só para não vivenciar tanta dor, tanto descontentamento, tanto luto, tanta decepção com pessoas que amamos? Será que haverá vida pós pandemia? Ou melhor, que vida existirá depois de tanta destruição? Será que haverá coragem suficiente para ultrapassar toda essa desordem?

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

E de repente a gente volta a acreditar que somos guiados por uma força universal que mesmo sem a gente entender como e porque tem tudo calculado e cronometrado. Não adianta a gente fazer birra, chorar, lamentar, bater os pés, as coisas vão acontecer independente de nossas vontades, desejos. Mas se você estiver de alguma forma conectado com essa força superior as coisas simplesmente voltam a acontecer de um jeito tão harmônica e mágico que mesmo tendo vivenciado isso mais de uma vez fico embasbacada de como o universo pode ser incrivel. E o oposto também é verdadeiro, para mim é tão claro como a água de que quando as coisas não vão bem e deixamos nossa energia baixar tudo de ruim nos acontece. Tenho provas e provas disso, mas que bom que também tenho provas de sua magia de que quando pedimos e esperamos as coisas acontecem. Hoje é um dia deles e tão simbolico que neste mesmo dia há um ano atrás eu estava sofrendo a pior injustiça desta minha existencia e hoje neste mesmo dia consigo ter meus pedaços colocados no lugar e me sentir restaurada. Pode ser que o universo esteja me mandando para uma armadilha, mas confiar é preciso! E eu confio, não sem antes duvidar, mas é só a mágica acontecer que não tem como não dizer que algo maior está por trás. Por isso hoje sou só gratidão por tudo de bom e ruim que me aconteceu e me tornou quem eu sou. Às vezes, a situações no testam, fazem a gente duvidar de si mesmo, mas no fim, quando deito no travesseiro é só orgulho que sinto de mim! De mim e do meu anjo guardião, uns dos melhores deste nosso universo :)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

São tempos tão dificéis que me sinto sem palavras para expressar o que ando sentindo. Parei para pensar que nem sei mais, em meio a tanto tumulto, o que desejo de agora em diante, pelo menos para mim...os desejos que me passam são sempre relacionados aos outros, para que sejamos melhor em termos de coletividade, mas há quase um ano que não sei o que desejar para mim mesma, o que quero para mim e minnha vida? Claro que o simples sempre me traz brilho ao olho, as pequenas coisas, os encontros com os amigos, as viagens, mas todas essas possibilidades ficaram para trás, no meio do novo normal a gente vai tentando sobreviver. É tá tão difícil sobreviver, distante de quem amamos, sendo obrigada a ver todos os dias, esfregado na minha face o que a desigualdade social faz com as pessoas, o limite que elas chegam e isso me faz pensar tanto, mas ao mesmo tanto me faz desejar tão pouco...que tempos são esses?